Via RFI
O presidente Emmanuel Macron atacou aqueles que “fingem apoiar nossos compatriotas de confissão judaica, confundindo a rejeição dos muçulmanos com o apoio aos judeus”, em uma alusão à extrema direita, sem indicar se ele participaria da marcha.
“O Reunião Nacional não tem lugar nessa manifestação”, disse o porta-voz do governo, Olivier Véran, que confirmou a presença da primeira-ministra centrista Élisabeth Borne no domingo.
O partido governista Renaissance, assim como a oposição de esquerda, expressou desconforto por ter que se manifestar ao lado do partido herdeiro da Frente Nacional (FN) de Jean-Marie Le Pen, notório por seus comentários antissemitas.
“O apoio aos nossos compatriotas de confissão judaica” não deve dar margem a “ambiguidades”, disse Marine Le Pen na rádio RTL, onde garantiu que seu partido “se separou” do passado de seu pai e convocou ativistas e apoiadores a se manifestarem.
Desde que assumiu as rédeas da FN, rebatizada de RN, em 2011, a líder da extrema direita vem trabalhando para apagar a imagem extremista do partido. Finalista nas eleições presidenciais de 2017 e 2022, as pesquisas a colocam na cédula novamente em 2027.
O partido do presidente Macron, bem como os ecologistas, comunistas e socialistas, indicaram que participarão, mas não ao lado de RN. O France Insoumise, o partido do líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, não participará.
Os presidentes da Assembleia Nacional (câmara baixa), Yaël Braun-Pivet, e do Senado, Gérard Larcher, convocaram a marcha, especialmente porque “mais de 1.000” atos antissemitas foram registrados desde 7 de outubro.
Naquele dia, comandos do grupo islâmico palestino Hamas mataram mais de 1.400 pessoas em solo israelense, de acordo com Israel, que, em resposta, lançou uma campanha de bombardeio implacável que matou mais de 10.500 pessoas na Faixa de Gaza, de acordo com o governo do Hamas.
Desde então, o clima tem sido tenso na França, que abriga as maiores comunidades judaicas e árabe-muçulmanas da Europa e foi abalada pelas repercussões do conflito no Oriente Médio no passado.
O partido de Mélenchon, que se recusa a se manifestar devido à presença da extrema direita, foi alvo de críticas específicas por sua recusa em rotular o Hamas como um grupo “terrorista”, ao mesmo tempo em que denunciou seu ataque como um crime de guerra.