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Sem reis! Liberdade! Milhões protestam contra Trump em todos os Estados Unidos
Antifascismo

Sem reis! Liberdade! Milhões protestam contra Trump em todos os Estados Unidos

As manifestações No Kings levaram milhões às ruas por todo país

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Via International Viewpoint

Tempo de leitura: 4 minutos.

Pelo menos cinco milhões de pessoas participaram de 2.000 protestos do “Dia Sem Reis” em grandes cidades e pequenas localidades dos 50 estados, o maior até agora em uma série de manifestações nacionais. Em um clima festivo, porém desafiador, com bandas e percussionistas, os manifestantes entoaram cantos, cantaram músicas e ergueram cartazes com slogans como “Sem reis desde 1776” ou mensagens contra os ataques do presidente Donald Trump à saúde, aos programas alimentares para crianças e idosos, e à educação e ciência. Algumas faixas diziam “Lutar contra a oligarquia”.

Mais do que em protestos anteriores, havia cartazes com a mensagem “Lutar contra o fascismo!”. Em todos os atos, era maior a presença da bandeira dos EUA e de cantos que expressavam um desejo de redenção nacional. Em Nova York, onde protestei, as pessoas entoavam: “De quem é este país? Nosso país!” Em Filadélfia, centro simbólico das manifestações, o historiador Timothy Snyder repetia “Sem reis” e a multidão respondia “Liberdade!”

Quase todas as manifestações foram pacíficas, com pouquíssimos incidentes. Em Riverside, Califórnia, um contra-manifestante perseguido pela polícia foi encontrado com uma arma em seu carro. Na Virgínia, um homem jogou seu carro contra os manifestantes, ferindo uma pessoa. Somente em Los Angeles, onde o conflito já durava dias, alguns manifestantes lançaram objetos contra a polícia, que reagiu com agressões e prisões — ainda assim, um episódio isolado dentro de uma marcha gigantesca.

O Dia Sem Reis coincidiu com o desfile militar organizado por Trump para celebrar os 250 anos do Exército dos EUA, que também marcou seu 79º aniversário. Trump gastou 45 milhões de dólares para essa demonstração de força militar, que contou com 6.700 soldados, tanques de várias guerras e outros veículos, além de helicópteros de combate sobrevoando e paraquedistas da equipe Golden Knights que entregaram uma bandeira ao presidente. Cercas foram erguidas para proteger o desfile, e Trump advertiu que qualquer protesto enfrentaria uma “força muito pesada”. Para evitar conflitos, os organizadores do Dia Sem Reis decidiram não realizar manifestações em Washington, D.C.

As marchas do Dia Sem Reis encerraram uma semana de protestos em Los Angeles e em outras 40 cidades, em 23 estados, contra as operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), as prisões e deportações, bem como o envio da Guarda Nacional e dos Fuzileiros Navais a L.A. O ICE tenta prender e deportar 3.000 pessoas por dia, capturando imigrantes indocumentados em locais de trabalho, bairros e até mesmo crianças em escolas. Nesses protestos anteriores, as autoridades em algumas cidades usaram gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, balas de borracha e prenderam centenas de manifestantes. As batidas do ICE e os protestos locais contra a imigração continuam.

Os protestos do Dia Sem Reis foram cancelados em Saint Paul, Minnesota, por causa do assassinato político de dois legisladores do Partido Democrata e do ferimento de outras duas pessoas na região. Havia temor porque o autor dos disparos, disfarçado de policial, ainda estava foragido. A polícia busca Vance Boelter, um homem branco de 57 anos, fortemente contra o aborto e crítico da comunidade LGBT. Ele votou em Trump na última eleição, possuía várias armas, era chefe de uma empresa privada de segurança e liderava uma organização cristã sem fins lucrativos. No momento em que escrevo, ele ainda está foragido. O presidente Trump, que também já foi alvo de duas tentativas de assassinato, condenou os assassinatos em Minnesota e ofereceu recursos federais ao estado.

Os protestos contra o ICE e o Dia Sem Reis representaram mais um avanço na resistência a Trump. Novamente, em alguns locais como Nova York, as manifestações tiveram pouca participação proporcional de negros e latinos. E um movimento como esse precisa de mais força — precisa de greves e de desobediência civil em massa. A próxima marcha nacional contra Trump está marcada para o “Juneteenth”, em 19 de junho, data que celebra o fim da escravidão do povo negro nos Estados Unidos.

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