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Um projeto dedicado a tudo que é anarquista, queer e antifascista
Cultura e Esporte

Um projeto dedicado a tudo que é anarquista, queer e antifascista

A Black Lodge Press é uma celebração da cultura DIY e da produção autônoma e sua produção política efêmera é gloriosamente analógica e anticapitalista

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Via It´s Nice That

Tempo de leitura: 5 minutos.

Quando você cresce em West Cumbria, onde “há mais ovelhas do que seres humanos” e se interessa por arte, punk e anarquia, é preciso criar ativamente um tipo diferente de cena cultural para romper com a monotonia do interior. Essa é a perspectiva de Cj, o artista por trás da Black Lodge Press. Tendo “sempre vivido no meio do nada”, como ele próprio diz, esse tipo de silêncio teve, em retrospecto, uma influência significativa sobre seu trabalho.

Tudo começou com uma obsessão por música punk ainda na escola primária, que mais tarde se transformou em uma paixão por impressão e zines. Com o tempo, Cj se conectou aos diversos movimentos políticos presentes nas cenas punk e do faça-você-mesmo (DIY). “No lugar onde eu vivia em West Cumbria, você meio que precisava fazer tudo sozinho. Isso significava que eu criava meus próprios zines e publicava de forma independente desde muito jovem.”

Não é surpresa que Cj tenha acabado criando a Black Lodge Press: um projeto gráfico independente que já tem mais de uma década, dedicado a tudo que é anarquista, queer e antifascista. Quando a editora começou, anos atrás, a ideia era simples: compartilhar e distribuir seus próprios zines e quadrinhos junto com os de amigos próximos. Na época, trabalhando em uma loja de quadrinhos em Newcastle, ele já tinha um lugar para divulgar suas primeiras publicações. “O projeto todo parece aquela cena do filme Withnail and I, em que eles saem de férias por engano”, conta ele. “Sempre tive a sensação de que virei artista por acidente, nunca me formei em arte, nem estudei depois da escola – simplesmente aconteceu.”

Desde que iniciou o selo, Cj tem criado todo tipo de material político impresso, como camisetas — lembrando os tempos em que imprimia merch de bandas —, além de pôsteres e gravuras. Grande parte de sua produção é influenciada por faixas de protesto, pela linguagem visual do ativismo e pela ação direta. “Tirei muita inspiração de protestos ao longo dos anos, muitas vezes adaptando frases ou palavras escritas em faixas para as obras que crio”, explica Cj. Algumas das mensagens que acabam indo para o papel também surgem como uma brincadeira com letras de músicas ou algo que “simplesmente surgiu na hora”, diz ele. “De longe, a peça mais popular que já produzi é Cultivar um jardim é um ato radical e belo, e frequentemente me perguntam ‘quem disse isso?’, e eu não sei o que responder — simplesmente saiu da minha cabeça na hora!”

Sem se apegar muito ao Photoshop, Cj usa várias técnicas de criação de imagens à moda antiga para construir colagens de imagens e ilustrações que se cruzam com suas mensagens políticas. Usando fotos antigas de revistas ou publicações centenárias, além de alguns desenhos, Cj trabalha frequentemente à mão, escaneando as composições e aplicando sua tipografia favorita: Friz Quadrata (uma referência à banda punk americana Black Flag dos anos 80). Ele prepara tudo para impressão usando “um software baratinho que baixei da internet anos atrás, chamado Pixelmator”, conta.

Quanto aos métodos de impressão, o artista usa risografia há quase 20 anos e, “sem querer soar como um babaca”, ele ressalta, “comecei com isso antes de virar moda, sabe como é? Houve um tempo em que quem não tinha dinheiro para imprimir usava máquinas risográficas, então sempre usei Riso simplesmente porque era muito barato.” Além da acessibilidade, Cj se apaixonou pela técnica ao longo dos anos por sua textura granulada e as sutis variações que cada impressão traz.

Como toda a prática de Cj, a impressão surgiu de espaços comunitários DIY e experimentações pessoais: “Espaços DIY são as coisas mais preciosas que temos, porque existem para nos permitir produzir arte de um jeito que não é afetado pelo poder esvaziador do capitalismo”, afirma. Grande parte do que a Black Lodge Press representa há todos esses anos é esse tipo de produção autônoma. “Não estou tentando convencer ninguém de nada com meu trabalho — trata-se de celebrar uma cultura de resistência e alegria”, finaliza Cj. “A cultura DIY é a minha vida. Sempre foi, e sempre será. Acho que se você quer fazer algo sem censura ou restrições, é só fazer você mesmo. Você não precisa de editoras ou galerias por trás de você — pode fazer tudo por conta própria.”

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