O 11 de setembro chileno

Neste dia, 11 de setembro de 1973, o general de direita Augusto Pinochet deu um golpe contra o governo de esquerda eleito no Chile, liderado por Salvador Allende. Pinochet havia sido nomeado por Allende como chefe das Forças Armadas no mês anterior e usou a posição para orquestrar o golpe. (Nota de conteúdo: este texto contém descrições gráficas de violência e violência sexual)

No primeiro dia, o novo governo começou a prender milhares de pessoas — em sua maioria ativistas da classe trabalhadora e membros da esquerda — no estádio nacional, matando muitos. A brutal ditadura militar, apoiada por potências ocidentais como EUA e Reino Unido, implementou a dura ideologia econômica de direita dos neoliberais conhecidos como Chicago Boys.

Enquanto observadores internacionais celebravam o chamado “milagre econômico” resultante, na realidade os padrões de vida da grande maioria da população caíram, com salários em queda e cortes em gastos com saúde, educação e habitação.

Trabalhadores que tentassem resistir eram assassinados, torturados, presos ou “desaparecidos”. Um método popular de execução do regime era lançar civis de helicópteros no oceano ou sobre os Andes. Muitos membros da alt-right atualmente celebram esses assassinatos com os chamados “memes de helicóptero”.

Nos 17 anos seguintes, mais de 3.000 pessoas foram assassinadas pelo regime, e mais de 37.000 foram ilegalmente presas ou torturadas. Muitos prisioneiros, homens e mulheres, foram sistematicamente estuprados e abusados sexualmente por guardas, com as mulheres sendo alvo particular. Além de serem violadas por guardas, algumas mulheres foram sexualmente atacadas com cães, ratos e aranhas, e forçadas a ter relações sexuais com familiares homens. Muitas crianças das pessoas mortas foram entregues à Igreja Católica ou adotadas, sendo que os filhos não eram informados ou foram enganados com a informação de que os pais haviam morrido em acidentes.