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As manifestações contra a extrema direita na Alemanha não param
Antifascismo

As manifestações contra a extrema direita na Alemanha não param

Centenas de milhares tomas as ruas do país em defesa dos imigrantes e contra o partido de extrema direita AfD

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Tempo de leitura: 4 minutos.

Via Esquerda.Net

Segundo a televisão pública alemã ARD, só neste sábado saíram às ruas da Alemanha 250.000 pessoas nas ações que fazem parte de uma série de manifestações que não tem parado desde que se soube da participação de altos quadros do maior partido da extrema-direita alemã, a AfD, numa reunião em que se preparava a deportação em massa de migrantes caso esta força política ganhasse as eleições.

Este domingo, haverá mais uma manifestações: em Berlim, Munique, Colónia, Leipzig, Bona e Dresden, por exemplo. Nas de sábado, números da polícia, em Frankfurt estiveram 35.000 pessoas que encheram, para além da praça central da cidade para onde o protesto estava marcado, ainda outra praça e ruas adjacentes. O mesmo número do que em Hanover, um pouco mais que as 30.000 de Dortmund, as 20.000 de Estugarda e as 16.000 de Halle. Houve ainda manifestações em muito mais cidades como Kassel (12.000), Wuppertal (7.000), Karlsruhe (20.000), Nuremberga (10.000) e Koblenz (5.000). Ao todo, somadas as mobilizações, serão mais de 100 cidades envolvidas na onda anti-fascista.

Tudo isto depois da manifestação de sexta-feira, em Hamburgo, ter de terminar mais cedo por motivos de segurança depois do ter tido muito mais pessoas do que o esperado. As 80.000 pessoas, de acordo com a organização, enchiam múltiplas ruas e o número teria ainda sido maior não fora o fim prematuro da ação.

As palavras de ordem anti-fascistas multiplicam-se e em vários cartazes podia ler-se que “o fascismo não é uma alternativa”, alusão ao nome da AfD, a Alternativa para a Alemanha. Outros preferiam a comparação direta com o nazismo: “Votar na AfD é tão 1933”, referência ao ano em que Hitler tomou o poder.

Ondas de choque da reunião de Potsdam chegam à CDU

O caso que foi revelado pelo meio de comunicação de investigação Correctiv, aumentou a consciência do perigo do crescimento da AfD, num momento em que está em alta nas sondagens e em que se prepara para obter resultados muito favoráveis, que podem incluir vitórias eleitorais, nas eleições regionais a leste. Lidera as sondagens na Turíngia, na Saxónia e em Brandenburgo.

Porém, não é só este partido de extrema-direita que foi abalado pela reunião de Postdam em que foi apresentado o plano de expulsão para a África do Norte de dois milhões de pessoas. Também dois membros da CDU, ambos pertencendo à Werteunion, a União dos Valores, um grupo ultra-conservador, estiveram presentes. A Werteunion limitou-se a confirmar a sua presença e a dizer que estiveram lá não enquanto membros do grupo mas apenas como convidados.

Com presidente da CDU, Friedrich Merz, a não ser tão efusivo quanto ao movimento anti-fascista como o atual chanceler do SPD, que também participou nas manifestações, mas a pronunciar-se no X julgando “muito encorajador que milhares de pessoas se manifestem pacificamente contra o extremismo, o partido vê-se agora a braços com uma cisão. Precisamente a Werteunion, liderada por

Hans-Georg Maassen e criada em 2017, anunciou este sábado a saída do partido de cerca de 4.000 membros. Criarão um novo partido a tempo de participar nas eleições regionais a leste e não excluem a cooperação com a AfD.

Maassen não tem a carreira política de um político da extrema-direita europeu. É um ex-chefe dos serviços secretos alemães, o BfV, que foi colocado no estado de “agente não ativo” e obrigado a demitir-se em 2018. Então, era acusado de providenciar informação privilegiada à AfD e questionava os relatórios dos casos de violência contra estrangeiros no país. Considerava que a atual liderança da CDU se encontrava numa “posição vermelha-verde”, depois da sua ala já acusar Merkel de ter abandonado os valores conservadores devido à sua política migratória.

Estava atualmente em vias de ser expulso da CDU, procedimentos que tinham começado há cerca de uma semana. O ultra-conservador, que habitualmente fala num suposto “racismo anti-alemão” ou “racismo anti-brancos” era acusado de utilizar linguagem racista e anti-semita. Por exemplo, ainda este este mês tinha publicado no X um comentário em que dizia que uma das principais “forças motrizes” na “esfera mediática política” era o “racismo eliminatório contra os brancos”.

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