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A esquerda protagonista contra Milei
Antifascismo

A esquerda protagonista contra Milei

O dia de greve nacional contra o governo de extrema direita mobilizou amplas camadas do povo argentino

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Tempo de leitura: 4 minutos.

Via MST

O sindicalismo militante, as organizações sociais, os setores culturais e as assembleias foram protagonistas nas últimas semanas e planejam sê-lo nas próximas semanas. Um denominador comum é a participação da esquerda e, em particular, de nosso partido e das principais forças da Frente de Izquierda Unidad, na linha de frente. Em unidade de ação, fazendo uma experiência com setores que vêm de outras experiências políticas e que estão fazendo um treinamento acelerado. Jovens, trabalhadores e trabalhadoras que enfrentam o governo e não esperam os tempos da política parlamentar, à qual se agarra o PJ e seu arco de influência. Diante dessa realidade, o debate sobre como construir uma liderança capaz de reunir essa força e dar a ela não apenas um programa, mas também uma estratégia revolucionária, é a chave. Resistir não é suficiente, precisamos de algo mais, precisamos lutar para mudar tudo.

Um governo com fraquezas, um regime questionado e uma oposição em crise

O experimento de Milei tem suas origens nas décadas de experiência das pessoas que vivem de seu trabalho na Argentina com os partidos tradicionais e as coalizões criadas por eles após 40 anos de democracia reduzida. A raiva contra as instituições que, sendo um emaranhado de burocracia, estão cada vez mais longe de resolver os problemas de milhões de pessoas, é parte do combustível que levou à eleição do twitteiro desenfreado. Outro aspecto, sem dúvida, tem a ver com o fracasso de expressões políticas como o PJ e até mesmo o Juntos por el Cambio, em suas diferentes variantes. O primeiro mostra claramente os limites de uma força com setores que criticam alguns aspectos do neoliberalismo, mas que apoiam a estrutura capitalista como o único modelo possível, e o segundo devido à sua “tibieza” em seguir à risca o programa que a grande burguesia exige.

Esse é um grande problema para o regime político, que está tentando se adaptar a uma nova realidade, mas sob o comando de um bando de loucos, que, além de mostrar outros “dados”, vem fracassando e perdendo força, embora pretendam tirar todos os nossos direitos.

Com um governo que tem sérias dificuldades, um ajuste brutal em curso e uma oposição que vem de uma experiência horrível com o movimento de massas, abre-se uma oportunidade imbatível para a esquerda revolucionária emergir e se fortalecer como opção de liderança para setores do movimento de massas. Desde que consigamos atacar nossas próprias deficiências e realizar alguns debates aprofundados.

Do protagonismo nas ruas à construção de uma organização poderosa

O principal desafio que temos pela frente tem a ver com nos tornarmos um canal de organização para milhares de pessoas, ou seja, ir além do estágio de representar uma franja de eleitores para organizar uma massa de militantes e ativistas. Para conseguir isso, a FITU deve repensar sua forma atual de funcionamento, pois, como temos argumentado há muito tempo com o MST, não basta coordenar uma campanha eleitoral ou trabalhar em uma declaração conjunta, devemos dar um salto na unidade política e organizacional. Precisamos criar espaços onde o ativismo possa participar e decidir. Para isso, temos debates alinhados com as outras forças da frente. Por exemplo, o PTS, ao mesmo tempo em que tenta diluir a força da esquerda nos espaços de base, como as assembléias de bairro, ou se coloca fora dos sindicatos militantes, se apóia exclusivamente na representação parlamentar, uma desconexão absoluta entre a organização revolucionária e as “figuras” que, de certa forma, deixa o ativismo com um papel “sindical”, enquanto a política é deixada nas mãos de “especialistas” de esquerda. Por outro lado, o PO também contribui para a desorganização geral, com uma política de pretensão de hegemonizar a mobilização, sem abrir canais unitários de construção e disputa e escondendo a FITU atrás de seu movimento social ou dos locais sindicais onde atua. O sectarismo e o oportunismo acabam colocando obstáculos ao desenvolvimento de novos processos sindicais e sociais, e que a FITU aparece para articular positivamente esses fenômenos e, dessa forma, se fortalece como alternativa.

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