Foto: JAM News/Reprodução
O partido governista da Geórgia escolheu na quarta-feira o político de extrema direita e ex-jogador de futebol internacional Mikheil Kavelashvili como seu candidato à presidência após uma vitória contestada nas recentes eleições parlamentares que geraram turbulência no país do Mar Negro.
O populista pró-Rússia Sonho Georgiano indicou Kavelashvili, 53, um ex-jogador da seleção nacional e da Premier League, para o cargo presidencial, em sua maioria cerimonial. Ele tem quase certeza de vencer a votação de 14 de dezembro, já que o Sonho Georgiano domina o colégio eleitoral de membros do parlamento e representantes do governo local.
Kavelashvili foi eleito para o parlamento na chapa do Sonho Georgiano em 2016. Em 2022, ele foi cofundador do movimento político Poder Popular, um grupo dissidente do partido governista que se tornou conhecido por sua retórica antiocidental ferrenha.
Sua nomeação ocorre enquanto o país continua a suportar o caos político e os protestos após as disputadas eleições parlamentares em 26 de outubro, que resultaram no Sonho Georgiano garantindo uma nova maioria com pouco menos de 54% dos votos. As eleições foram amplamente vistas como um referendo sobre o esforço do país para concorrer à União Europeia.
A oposição da Geórgia disse que a votação foi fraudada sob a influência da Rússia que buscava manter Tbilisi em sua órbita e declarou um boicote ao parlamento. Os legisladores da oposição e a presidente Salome Zourabichvili se recusaram a participar da sessão inaugural do novo parlamento na segunda-feira.
Zourabichvili declarou a nova legislatura “inconstitucional” e está buscando anular os resultados das eleições, um apelo apoiado por milhares de manifestantes.
Observadores eleitorais europeus disseram que as eleições parlamentares de outubro ocorreram em uma atmosfera “divisiva” marcada por casos de suborno, votação dupla e violência física. Líderes do Sonho Georgiano rejeitaram alegações de fraude eleitoral.
Sinais de alerta
Embora o cargo de presidente seja amplamente cerimonial, o Ocidente provavelmente verá a nomeação de Kavelashvili como outro sinal de que Tbilisi está se aproximando de Moscou.
Críticos acusaram o Sonho Georgiano — estabelecido por Bidzina Ivanishvili, um bilionário que fez fortuna na Rússia — de se tornar cada vez mais autoritário e inclinado à Rússia.
O partido recentemente aprovou uma legislação semelhante à usada pelo Kremlin para reprimir a liberdade de expressão, os direitos LGBTQ+ e os “agentes estrangeiros”.
Bruxelas congelou o pedido de adesão da Geórgia à UE indefinidamente em junho, depois que o parlamento em Tbilisi aprovou uma lei exigindo que organizações que recebem mais de 20% de seu financiamento do exterior se registrem como “perseguindo o interesse de uma potência estrangeira”. Kavelashvili foi um dos autores do projeto de lei.
Na quarta-feira, Ivanishvili apresentou a candidatura de Kavelashvili ao parlamento, elogiando sua “contribuição significativa para proteger os interesses nacionais da Geórgia e fortalecer a soberania do país”.
Kavelashvili disse ao parlamento que “nossa sociedade está dividida” e disse que “a radicalização e a polarização” na Geórgia foram alimentadas do exterior.
Ele acusou Zourabichvili de violar a constituição e declarou que “restaurará a presidência à sua estrutura constitucional”.