Em comício, Le Pen promete que não recuará após condenação

Líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen prometeu não recuar em um comício em Paris neste domingo, realizado para protestar contra sua condenação, que a impede de exercer cargos públicos por cinco anos.

“Eu não vou recuar”, garantiu Le Pen no comício organizado por seu partido, o Reagrupamento Nacional, em apoio a ela.

Le Pen descreveu sua condenação como uma “caça política” e uma “caça às bruxas” que “pisoteou” o Estado de Direito e a democracia.

“Continuo acreditando que a política não é o que alguns querem transformar — um jogo perverso de perseguição a opositores, criminalização de adversários e tentativa de destruir partidos de oposição, com o único objetivo de se manter no poder enquanto conduzem o país à ruína e ao caos”, afirmou.

Ela alegou que a sentença foi enviada à imprensa na noite do veredito, enquanto seus advogados só a receberam no dia seguinte, apontando a “erosão” das instituições e a “perda de confiança pública” no sistema judiciário.

“Isso não é uma decisão judicial; é uma decisão política”, reiterou a líder de extrema direita, destacando que o objetivo é eliminá-la da vida política “sem qualquer possibilidade de recurso”.

Paralelamente aos protestos do Reagrupamento Nacional, partidos de esquerda e de centro também se reuniram para se opor à extrema direita.

A França Insubmissa (La France Insoumise) e o partido dos Verdes realizaram uma contra-manifestação em Paris, onde se opuseram ao Reagrupamento Nacional por querer impor sua lei e atacar o sistema judiciário, segundo a emissora BFM TV.

O partido Renascimento, do presidente Emmanuel Macron, também reuniu apoiadores, liderados pelo ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, para defender a democracia e seus valores.

Durante seu discurso no comício, Attal afirmou que Le Pen e seu partido foram considerados culpados após 10 anos de investigação e processos.

“Você rouba, você paga — especialmente quando é político”, disse Attal.

As manifestações ocorrem após a decisão do Tribunal Criminal de Paris, no dia 31 de março, no caso de desvio de fundos da União Europeia, que determinou que Le Pen seja imediatamente banida da política por cinco anos e condenada a quatro anos de prisão — dois deles suspensos e dois a serem cumpridos sob vigilância eletrônica — além de uma multa de €100.000.

A decisão judicial significa que Le Pen não cumprirá pena em regime fechado, e seus advogados já recorreram da sentença.