Via JTA
Nikolai Nerling, 41 anos, disse ao site de notícias brasileiro Globo que teme ser preso se ele voltar à Alemanha. O Ministério Público de Berlim recusou-se a dizer se a Interpol foi notificada de sua presença no Brasil ou se um pedido de extradição seria apresentado.
Nerling foi demitido em maio de 2018 de uma escola primária de Berlim, onde lecionou de 2009 a 2018, depois que uma reportagem em um jornal local mostrou que ele estava disseminando conteúdo neonazista.
Em dezembro, ele foi multado em 6.000 euros por negar a existência do Holocausto diante de um grupo de estudantes que visitavam o campo de concentração de Dachau.
Ele chegou ao Brasil com visto de turista em novembro de 2021 e passou os últimos meses percorrendo cidades do sul do Brasil e criando mais conteúdo para seus canais, muitas vezes negando o Holocausto. Em um vídeo gravado em Pomerode, na região de Santa Catarina, Nerling pode ser visto removendo “FCK NZS” de um muro grafitado junto com outro homem.
Como o YouTube bloqueou seu canal várias vezes, a maioria de seus vídeos é publicada em seu canal de Telegram, onde ele tem mais de 30.000 assinantes. Ele financia seu trabalho com doações de seus seguidores.
Michel Gherman, conselheiro do Instituto Brasil-Israel (IBI) e professor do departamento de sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, suspeita que Nerling escolheu o sul do Brasil, especificamente Santa Catarina, devido à história da área de ter uma grande população imigrante alemã.
“Achamos que faz sentido, a partir de sua perspectiva racista e nazista, ter procurado uma população de origem alemã”, disse Gherman à Agência Telegráfica Judaica.
Nerling pensou em seguir para o Paraguai, seguindo a liderança dos mais de 1.000 alemães que se mudaram para o país sul-americano no ano passado para evitar as rígidas regras da COVID-19 da Alemanha. Entretanto, o Paraguai atualizou seus requisitos de entrada em 10 de janeiro de 2022, exigindo agora a vacinação de viajantes estrangeiros que não residem no país. Nerling, que não é vacinado, tem medo de não poder entrar.
Por enquanto, ele decidiu esperar e ver como as coisas evoluem no Brasil, embora seu visto de turista expire após 90 dias. Pouco se sabe sobre o que, se houver, o que o governo vai fazer em relação à presença de Nerling.
Gherman disse que grupos judeus têm levantado o alarme sobre os estreitos laços entre os grupos neonazistas brasileiros e o governo do presidente Jair Bolsonaro. No ano passado, ele deu calorosas boas-vindas a uma deputada do partido de extrema-direita alemã AfD, que é a bisneta de um nazista proeminente. Um de seus conselheiros fez um sinal associado à supremacia branca durante uma sessão legislativa.
“Achamos que deveria haver uma pressão mais forte, uma condenação, das vítimas passadas do nazismo, em relação aos laços entre a atual administração com os nazistas”, disse Gherman.
O Brasil tem um passado infame como um paraíso para os nazistas que procuram se esconder da perseguição após a Segunda Guerra Mundial.
Também recentemente, o apresentador de um podcast popular disse ser a favor de um partido nazista legalmente reconhecido no Brasil.