5 bandas de punk em espanhol para entender o movimento na América Latina

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Via El Heraldo

Ao longo da história, conhecemos muitas lutas sociais e uma das que continuam resistindo e se espalharam por quase todo o mundo é o movimento punk, que, apesar de ter começado nos Estados Unidos e falar de situações muito particulares nesse contexto, suas letras barulhentas que gritavam injustiças chegaram à América Latina, dando-nos bandas emblemáticas que hoje se tornaram clássicos para aqueles que buscam enfrentar o sistema.

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Na década de 1980, muitos países latino-americanos enfrentaram condições políticas e sociais difíceis, como ditaduras militares, repressão política e desigualdades econômicas, de modo que o punk se tornou uma forma de expressar o inconformismo e a resistência contra essas realidades. Assim, tomando elementos do movimento nascido no Reino Unido e nos Estados Unidos durante a década de 1970, as vozes latinas assumiram as rolhas e o resistol para criar bandas irreverentes que hoje continuam a ser uma bandeira de rebelião.

Esse movimento refletiu a influência do punk internacional, mas também incorporou elementos únicos e contextuais da região latino-americana.

Eskorbuto

Uma banda punk icônica da Espanha, o Eskorbuto foi formado em 1980 e se destacou como uma das bandas mais influentes do cenário punk espanhol. Seu surgimento coincidiu com o fenômeno do “rock basco radical”, embora o grupo, em declarações posteriores, tenha rejeitado essa classificação, defendendo a independência musical e a singularidade de sua formação. Ao longo de sua carreira, a banda deixou uma marca duradoura na cena punk, destacando-se por sua atitude rebelde e suas letras que refletiam a realidade social e política da época, razão pela qual ainda é lembrada como uma referência fundamental na história do punk em espanhol.

Xenofobia

Uma influente banda de hardcore punk da Cidade do México, a Xenofobia foi formada em 1983 e é um dos principais ícones da cena punk mexicana. Seu legado inclui uma demo intitulada “Prisoners Of Conscience” (1987), o EP “Muerte En América” (1987), uma gravação ao vivo chamada “Criminales” de 1988 e o LP “Presionados” de 1989; após um período de inatividade, a banda se reuniu em 2010, marcando seu retorno à cena musical. Com uma discografia sólida e seu papel de destaque no punk mexicano, eles continuam a ser lembrados como uma força significativa no gênero.

Los Crudos

Uma banda de punk hardcore originária do bairro de Pilsen, em Chicago, Illinois, que esteve ativa de 1991 a 1998, retornando intermitentemente desde 2006. Formada exclusivamente por membros latinos, a banda abriu caminho para as bandas punk de língua espanhola nos Estados Unidos, contribuindo para a crescente presença latina no cenário punk. Sua abordagem anarquista se reflete em letras críticas sobre os problemas que afetam a América Latina e a comunidade latina, abordando questões como o imperialismo dos EUA, o racismo, a xenofobia e a desigualdade econômica, pelo que são reconhecidos como uma das melhores bandas punk da década de 1990.

Polikarpa y sus viciosas

Em 1995, três mulheres colombianas formaram uma banda punk com o objetivo de denunciar, conscientizar e promover o ativismo político por meio da música. Essa iniciativa surgiu para desafiar a estrutura patriarcal arraigada na cena punk, onde as mulheres eram frequentemente relegadas a papéis secundários e, embora as bandas existentes questionassem as estruturas sociais e políticas, elas não abordavam a participação inclusiva; assim, elas procuram gerar consciência política e participação direta por meio de sua música, abordando questões como anarquismo, igualdade de gênero e a construção de um mundo justo.

Sin Dios

A banda espanhola de hardcore punk nasceu em 1988 com a intenção de difundir a ideologia anarquista por meio da música, razão pela qual adotou uma política rigorosa de autogestão e anticapitalismo, marcando seu trabalho com discos a preços populares, shows a preços acessíveis e a recusa de tocar para organizações institucionais. Ao longo de sua carreira, lançaram álbuns como “Ruido Anticapitalista” (1991) e “Alerta Antifascista” (1992), conhecidos por sua postura panfletária; após um período de inatividade, ressurgiram com “Guerra a la Guerra” (1997), seguido de turnês pela Europa e pelo México; a banda se desfez em 2006, mas seu legado continua vivo.

Qual foi o impacto do punk em espanhol?

De acordo com os especialistas em música, assim como o punk em inglês, o punk em espanhol serviu como uma forma de expressar o descontentamento social e político, já que as letras frequentemente abordavam questões como repressão, alienação e injustiça, repercutindo em uma juventude que se sentia marginalizada ou insatisfeita com a situação política e social.

O punk espanhol não foi apenas uma resposta musical à agitação social e política, mas também contribuiu para o desenvolvimento de uma identidade contracultural única na América Latina e na Espanha.

Da mesma forma, esse gênero também contribuiu para o desenvolvimento de um cenário musical alternativo e contracultural em muitos países de língua espanhola, pois, além das bandas mencionadas, foram formadas muitas outras que operavam fora do mainstream, e os fãs do punk encontraram nessas bandas uma maneira de se expressar fora dos caminhos tradicionais.