Via La Vanguardia
Um aviso certeiro contra a ameaça da extrema-direita. Diante de uma audiência de líderes globais no auditório principal do centro de conferências de Davos, o presidente do governo [do estado espanhol]lançou esta tarde um chamado para impedir que partidos extremistas cheguem às instituições e as destruam a partir de dentro.
A meses das eleições gerais, Pedro Sánchez aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem em chave interna, alertando que a extrema direita, graças ao apoio dos partidos conservadores que lhes abrem as portas dos governos, pode minar e prejudicar os valores europeus.
O Presidente do Governo mencionou Putin, mas não quis mencionar o Vox.
Em seu discurso, ele traçou um paralelo entre o autoritarismo de Vladimir Putin e os riscos populistas que ameaçam o Velho Continente. “A comunidade internacional deve lutar contra as “sementes podres que Putin plantou em nossos próprios países”, disse Sánchez.
O primeiro ministro espanhol não quis citar nomes ou fazer referências específicas, embora a alusão pareça ser uma referência velada à Vox na Espanha ou à Giorgia Meloni na Itália. “O autocrata russo não está sozinho em sua aspiração reacionária de fraturar o mundo e voltar atrás no tempo. Ele tem muitos aliados na Europa que agora escondem suas simpatias com Putin, mas que há apenas um ano o visitaram e elogiaram seus caminhos”, frisou ele.
O primeiro-ministro também traçou um paralelo ousado entre a luta contra a extrema direita e a resistência dos ucranianos contra os russos. “Devemos combatê-los com a mesma determinação com que os ucranianos lutam contra os invasores russos, embora “com armas diferentes. Nossas armas serão a democracia, a transparência e políticas eficientes”, enfatizou Sánchez.
Para Sánchez, a Europa deve recuperar sua própria política industrial.
No lado mais econômico e geopolítico, o Primeiro Ministro vendeu a Espanha como um país ideal para o investimento. E ele também tem sido autocrítico. “É importante que todos os europeus façam nossos trabalhos de casa e revejam nossa política industrial”, disse ele.
Sánchez acredita que a Europa precisa recuperar sua autonomia em setores essenciais, como defesa, energia e meio ambiente, a fim de reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros. Ele deu o exemplo da produção de chips, que na Europa atende apenas 10% de suas necessidades.
Ele disse: “Uma coisa é uma maior autonomia, mas defendemos uma economia aberta e o sistema de multilateralismo”. A fragmentação e o nacionalismo levam ao isolamento e à fraqueza.