Via SWI
Os líderes da Comunidade de Estados da América Latina e Caribe (CELAC) expressaram na terça-feira sua preocupação com o avanço da extrema direita na região, disse à EFE Marco Enríquez-Ominami, fundador do Grupo de Puebla.
“Há algo novo no Celac hoje: uma clara referência à extrema direita. Aqui, nos discursos, a ideia foi instalada com um nome e sobrenome, porque há também um grande protagonista, que é (Jair) Bolsonaro”, disse Enríquez-Ominami após o final dos discursos da 7ª Cúpula Celac, que está sendo realizada hoje em Buenos Aires.
Na opinião do político chileno, que foi candidato à presidência em quatro ocasiões (2009, 2013, 2017, 2021), o retorno do Brasil à Celac sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva é “grande notícia”, pois “recompõe” este fórum depois que a administração de Bolsonaro o abandonou em 2020.
“Bolsonaro se negava a conversar (…) Hoje há muita emoção, porque tínhamos um selvagem pré-civilizacional como presidente do maior jogador da região. Nisso há uma nova reflexão”, disse o político progressista, que está participando da cúpula com capacidade consultiva.
Neste sentido, Enríquez-Ominami destacou que Lula, longe de se curvar à política interna, “compreende muito bem o enorme desafio” que a região enfrenta e, portanto, não ignorará as relações exteriores.
“Ele está no governo há dez dias, em uma crise como o assalto aos três poderes de governo, e está aqui, em visita oficial, assinando acordos que são extremamente importantes para a Argentina”, lembrou o político progressista, acrescentando que Lula “está ciente de que há um bolsonarismo e há uma direita” no Brasil.
O ex-candidato presidencial disse que os processos de integração na América Latina e Caribe são “complexos”, lamentando ao mesmo tempo a proliferação de organizações sub-regionais e regionais.
Tudo em uma região que, sublinhou, “está em seu pior momento em décadas”, com o aumento da inflação e o aumento da pobreza.
Enríquez-Ominami foi um dos participantes da 7ª Cúpula do Celac, um conclave realizado em Buenos Aires com a presença de representantes dos 33 países membros.
A reunião foi aberta pelo presidente argentino Alberto Fernández, o anfitrião da reunião, pois a Argentina detém a presidência rotativa do fórum regional.
No final do dia, será publicada a declaração da Cúpula, que deverá abordar questões como mudança climática, gênero, infra-estrutura, línguas indígenas, integração energética, segurança alimentar, entre muitas outras, e haverá uma coletiva de imprensa.