
AntifaCon 2025 acontece com grande sucesso em Atenas
Evento reuniu antifascistas gregos no último março
AntifaCon (abreviação de Conferência Antifascista) aconteceu nos dias 22 e 23 de março de 2025, em Atenas, Grécia. O evento foi um grande sucesso, reunindo pessoas comprometidas na luta contra a ascensão da extrema direita e do fascismo. Serviu como um chamado à luta antifascista, com o objetivo de unir um amplo espectro de forças políticas e ativistas de base
Este foi o propósito da campanha Which Side Are You On? (“De que lado você está?”), lançada pela Coordenação Antifascista de Atenas-Pireu, sob cuja bandeira o evento foi organizado. O objetivo era tanto nos equipar politicamente para confrontar as manifestações contemporâneas da extrema direita quanto construir estruturas e redes antifascistas em áreas onde os fascistas buscam ganhar terreno.
Durante dois dias, o evento contou com dez oficinas, duas discussões centrais, 65 palestrantes, dois shows com oito grupos musicais e uma poderosa exposição fotográfica.
Centenas de pessoas participaram dessas atividades, demonstrando que o antifascismo e a luta contra a extrema direita ressoam em um público amplo — muito além dos coletivos organizados e indivíduos independentes que compõem a Coordenação Antifascista de Atenas-Pireu.
Discussões Centrais
A primeira discussão central contou com mais de 350 pessoas. Os palestrantes foram:
- Vassilis Hadjicharalambous, pai de Panagiotis, morto no acidente de trem em Tempi, representando a Associação das Vítimas do Acidente de TEMPI 2023
- Magda Fyssa, mãe do rapper Pavlos Fyssas, assassinado por nazistas da Aurora Dourada, falando em nome da Associação Cultural Pavlos Killah P Fyssas
- Luca Scacchi, professor de Ciências Sociais na Universidade do Vale d’Aosta, Itália, e coordenador dos professores universitários da FLC CGIL (Federação dos Trabalhadores em Educação e Pesquisa)
- Petros Papakonstantinou, jornalista e escritor
- Takis Yiannopoulos, representante da Coordenação Antifascista de Atenas-Pireu
- Yannis Magos, pai de um jovem vítima de brutalidade policial que veio a falecer
- Iason Apostolopoulos, resgatista de migrantes
- Thanasis Kourkoulas, professor e sindicalista
Os palestrantes e participantes discutiram a urgente necessidade de respostas em massa, organizadas e mobilizadas contra a ascensão internacional da extrema direita. Emoções estiveram à flor da pele enquanto pessoas que sofreram diretamente as consequências da violência estatal e fascista — desde as ações letais da Aurora Dourada e da polícia até os migrantes afogados no naufrágio de Pylos e as vítimas do desastre ferroviário de Tempi — se reuniram. Seus discursos foram, em essência, um chamado para uma luta sustentada e incansável contra a repressão e a exploração.
Na segunda discussão central, que manteve o público atento até o final e contou com mais de 200 pessoas, os palestrantes foram:
- Serafeim Seferiadis, professor de Ciência Política na Universidade Panteion
- Katerina Lambrinou, cientista política
- Dina Reppa, professora e sindicalista
- Yannis Androulidakis, jornalista
- Angeliki Valsamaki, representante da Coordenação Antifascista de Atenas-Pireu
A discussão focou em se o mundo está enfrentando uma ressurgência dos fenômenos da era entre-guerras, especialmente a ascensão do fascismo ao poder. Os palestrantes analisaram a situação atual na Grécia e internacionalmente, destacando tanto as semelhanças quanto as diferenças importantes em relação aos anos 1930, quando o fascismo levou ao banho de sangue da Segunda Guerra Mundial.
Oficinas e Concertos
O evento de dois dias também abordou uma ampla gama de temas relevantes para o movimento antifascista. O programa de oficinas incluiu:
- Educação e a extrema direita: Empoderando a comunidade estudantil contra influências fascistas nas escolas
- Ecofascismo
- Políticas anti-imigração e a ameaça da extrema direita/fascismo
- Mídia de massa e a extrema direita
- Resistência feminista e queer hoje: Por que a retórica anti-woke é o discurso mais reacionário do nosso tempo
- Esportes e fascismo: Estádios como campos de batalha na luta contra a influência fascista
- O movimento antifascista nos tribunais
- Artistas contra o fascismo
- A disseminação do discurso da extrema direita na internet: Fake news, patriarcado, revisionismo e neo-fascismo
- Oficina para estudantes: Antifascismo dentro e fora da sala de aula
As oficinas tiveram grande participação. Por exemplo, a oficina sobre mídia de massa reuniu mais de 200 participantes, enquanto a de educação teve mais de 100.
Os concertos, com artistas de diversos gêneros musicais, também foram muito bem recebidos, criando uma atmosfera de energia positiva e solidariedade.
Próximos Passos
Nove anos após o altamente bem-sucedido evento antifascista pan-europeu de três dias organizado pela Coordenação Antifascista de Atenas-Pireu na Escola de Belas Artes — juntamente com o mês precedente de ações antifascistas nos bairros — e quase um ano após o cancelamento da reunião fascista pan-europeia em Atenas, agora enfrentamos novos desafios.
AntifaCon 2025 sinalizou uma nova ofensiva para o movimento antifascista — que não irá apenas reagir aos neonazistas ou à extrema direita, mas tomará a iniciativa para empurrá-los para as margens políticas.
A campanha Which Side Are You On? começou nas escolas com um folheto especial para estudantes e continuou com intervenções, colagem de cartazes e organização de eventos nos bairros de Atenas.
Num momento em que a sociedade se mobiliza em massa para exigir justiça pelo crime de Tempi, este evento de dois dias marcou mais um marco importante, enchendo-nos de otimismo para as lutas que virão.
Agora, devemos levar a campanha adiante com novas ideias e melhor organização. E, claro, precisamos responder à pergunta que muitos têm feito: AntifaCon agora se tornará um evento anual?