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Fundação Lauro Campos e Marielle Franco na vanguarda do movimento sindical nos EUA
Antifascismo

Fundação Lauro Campos e Marielle Franco na vanguarda do movimento sindical nos EUA

Diretora-executiva da FLCMF, Mariana Riscali representou a Fundação na conferência do Labor Notes nos Estados Unidos

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Tempo de leitura: 4 minutos.

Via FLCMF

De 19 a 21 de abril ocorreu, na cidade de Chicago, o Labor Notes – evento que reuniu a vanguarda mais combativa do movimento sindical dos Estados Unidos. E a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF) esteve presente em todos os dias da conferência, representada por sua diretora-executiva, Mariana Riscali, que é integrante da Executiva Nacional do PSOL. 

Ao todo, a conferência reuniu mais de 4,7 mil trabalhadores e contou com delegações do mundo inteiro. Lideranças de diferentes categorias expressaram suas lutas no evento, como os trabalhadores de aplicativos – que, assim como no Brasil, são explorados pelas plataformas e não contam com a garantia de nenhum direito ou proteção social -, os roteiristas de Hollywood, que protagonizaram uma greve histórica no último período, e os metalúrgicos das montadoras de automóveis, que paralisaram o país em uma greve vitoriosa que durou sete semanas e dobrou o comando das três maiores empresas do ramo: GM, Ford e Stellantis. Além disso, categorias historicamente mobilizadas, como professores e profissionais da saúde, estreitaram os laços com trabalhadores precarizados que estão começando a constituir suas formas de organização e luta, como funcionários da Amazon e da Starbucks.

Evento reuniu a vanguarda do movimento sindical no coração do capitalismo.

Representando o Writers Guild of America (WGA, na sigla original em inglês), que é o sindicato dos roteiristas dos Estados Unidos, Alex O’Keefe, roteirista da premiada série The Bear, esteve presente na conferência. Já o discurso de encerramento do evento ficou por conta de Shawn Fain, presidente do United Auto Workers (UAW, na sigla em inglês), que é o sindicato dos trabalhadores do setor automobilístico.

“Foi muito importante acompanhar esses debates e também levar à conferência nosso internacionalismo militante, compartilhando as experiências do PSOL e da luta dos trabalhadores no Brasil para a vanguarda do movimento sindical no coração do capitalismo”, disse Mariana Riscali. 

Shawn Fain, presidente do UAW (United Auto Workers), o sindicato dos trabalhadores do setor automobilístico, que mobilizou dezenas de milhares em uma greve vitoriosa.

A juventude participou ativamente do Labor Notes, representada especialmente pela iniciativa chamada “Rank and File Project”. Rank and File é uma expressão que, em inglês, é utilizada para designar as bases de um movimento político. O projeto busca fortalecer a sindicalização e organização de jovens trabalhadores no país, a partir de uma perspectiva de classe e de luta anticapitalista.

A conferência do Labor Notes expressou a força do crescimento da luta dos trabalhadores nos Estados Unidos, que tem ganhado impulso no último período. Um mapeamento da Escola de Relações Laborais e Industriais da Universidade Cornell demonstra que, somente em agosto de 2023, estavam em curso quase 900 greves no país, mais de 300 delas no estado da Califórnia, o mais populoso e que concentra 15% do PIB dos EUA.

Alex O’Keefe, roteirista da premiada série The Bear, esteve no evento para falar da histórica greve dos roteiristas de Hollywood.

Somente a greve dos metalúrgicos da GM, Ford e Stellantis teve a adesão de mais de 45 mil trabalhadores e, em suas sete semanas de duração, impôs um prejuízo de mais de US$ 4,2 bilhões às empresas. Os trabalhadores denunciavam a disparidade salarial entre a base e o comando das empresas, pois enquanto CEOs das grandes montadoras tiveram um ganho de 40% nos últimos quatro anos, os metalúrgicos receberam apenas 6%. Com a vitória da greve, o novo contrato de trabalho arrancou um aumento imediato de 11% e um aumento de 25% até abril de 2028.

Outro tema que apareceu com força no Labor Notes foi a solidariedade internacional à Palestina. “As atividades mais lotadas eram em apoio ao povo palestino”, comentou Mariana Riscali, acrescentando que o movimento dos trabalhadores também manifestou apoio aos estudantes que estão promovendo acampamentos em universidades dos EUA em solidariedade à Palestina – dos quais 100 já foram presos na universidade de Columbia, gerando uma onda de solidariedade crescente em diversos campus no país.

Cyn Huang, do Rank and File Project, e Jane Slaughter da direção do Labor Notes: duas gerações de militantes e dirigentes dos trabalhadores dos EUA.

Diante da ascensão da extrema direita no mundo, em um momento onde os olhares se voltam à possibilidade de um retorno de Trump à presidência dos EUA, um evento como o Labor Notes expressa a força e a capacidade de luta de uma vanguarda combativa que está disposta a enfrentar os interesses do capital em seu próprio centro, fortalecendo, com seus golpes, a luta dos trabalhadores no mundo inteiro. 

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