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Partido de extrema direita chileno justifica o golpe e o considera inevitável
História

Partido de extrema direita chileno justifica o golpe e o considera inevitável

A UDI e outros partidos direitistas se negaram a reconhecer a violência golpista do general Pinochet em 1973

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Tempo de leitura: 3 minutos.

Via Infobae

Um dos principais partidos da extrema direita chilena se distanciou, na segunda-feira, dos eventos que marcaram o 50º aniversário do golpe de Estado do general Augusto Pinochet contra o governo democrático do presidente socialista Salvador Allende e emitiu um comunicado no qual justifica novamente o golpe, descrevendo-o como “inevitável” e culpando o governo de coalizão da Unidade Popular (UP) pela ação antidemocrática do exército.

Em uma declaração, a União Democrática Independente (UDI), fundada na década de 1980 por um dos principais aliados civis de Pinochet, disse que “os eventos de 11 de setembro de 1973 marcaram e continuarão a marcar a história do Chile de forma decisiva. Isso exige uma reflexão profunda e permanente sobre suas causas, seu significado e suas consequências políticas para o Chile”.

Um exercício de revisão histórica que, para a UDI, “tem como antecedente causal direto a situação extrema que o Chile estava vivendo, marcada pelo ódio, pela legitimação da violência como meio de ação política e pela grave polarização provocada por um setor da esquerda chilena”.

“Uma reflexão séria e honesta também requer o reconhecimento de que o projeto político da Unidade Popular, de levar o Chile a uma revolução socialista, foi progressivamente resistido por uma maioria”, destaca a nota, antes de afirmar que Allende instigou um “confronto” com a Controladoria, a Suprema Corte e o Congresso para impor sua agenda.

“Entre 1970 e 1973, ocorreu uma ruptura social, política e institucional na qual o 11 de setembro se tornou inevitável… Em 50 anos, o Chile percorreu um caminho de reconstrução de nossa democracia e de suas instituições” e “continua e continuará sendo a reunião dos chilenos”, ressalta.

A UDI inclui na nota uma “condenação inequívoca das violações dos direitos fundamentais”, sem detalhar a quais delas se refere, mas acredita que “o Chile deve persistir no caminho da justiça e da reparação, por meio de canais institucionais, civis e penais”, em um compromisso com os chamados valores republicanos chilenos “em seu sentido mais amplo e profundo: respeito institucional, compreensão democrática, condenação da violência, proteção das liberdades e dos direitos fundamentais”.

O comunicado termina com uma dura crítica ao atual presidente, o esquerdista Gabriel Boric, e aos atos oficiais comemorativos do 50º aniversário, nos quais o presidente tentou, sem sucesso, incluir todas as correntes políticas e sociais.

“Lamentamos que o governo tenha frustrado o desejo majoritário de uma comemoração em unidade, com reflexão e respeito democrático a visões irreconciliáveis”, disse ele.

Tanto a UDI quanto o Partido Republicano, de extrema direita, ambos representados na legislatura, e a direita tradicionalista unida na coalizão “Chile Vamos” se recusaram a assinar uma declaração de unidade promovida pela presidência e não participaram do ato central realizado hoje no palácio Moneda, assaltado a sangue e fogo há 50 anos, que contou com a presença de vários chefes de Estado, parentes das vítimas, ativistas e até artistas internacionais.

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