Blogueiros conservadores americanos se encontram com oligarca russo em Moscou

Três figuras proeminentes do conservadorismo americano viajaram a Moscou para se encontrar com Konstantin Malofeev, o principal oligarca de extrema direita da Rússia. O encontro, anunciado hoje no canal de Malofeev no Telegram, contou com a participação do ex-juiz e apresentador de TV Andrew Peter Napolitano, do ex-oficial da CIA Larry C. Johnson e de Mario Nawfal, apresentador do programa “69 Minutes” na X Network. O filósofo ultranacionalista russo Alexander Dugin também esteve presente. Após essa reunião, o grupo se encontrou com Sergey Lavrov, chefe do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

“Foram feitas muitas perguntas sobre o conflito na Ucrânia. A interferência do Ocidente é uma intervenção direta em nossos assuntos internos. As terras da Pequena Rússia (Malorossiya) e Nova Rússia (Novorossiya) são parte integral do mundo russo. A própria Ucrânia é um produto da sangrenta guerra civil do início do século XX. Nem os ‘pacificadores’ ocidentais nem o ‘congelamento’ da guerra trarão uma solução para a crise. E isso também precisa ser ouvido pelo público de língua inglesa”, escreveu Malofeev.

Andrew Peter Napolitano é ex-juiz da Suprema Corte de Nova Jersey e uma personalidade televisiva conhecida, tendo atuado como analista judicial sênior da Fox News. Napolitano tem sido um crítico ferrenho da expansão do governo e frequentemente expressa opiniões libertárias. Embora não haja registros públicos de conexões anteriores com autoridades russas, sua visão libertária pode se alinhar a certos aspectos da ideologia conservadora russa.

Larry C. Johnson é um ex-oficial da CIA e do Departamento de Estado, conhecido por suas opiniões controversas sobre inteligência e segurança nacional. Johnson já participou de debates sobre as relações entre EUA e Rússia, mas não há registros públicos de contatos diretos com figuras russas.

Mario Nawfal é um empresário e apresentador do programa “69 Minutes” na X Network, uma plataforma conhecida por seu conteúdo provocativo e diversificado. Sua participação no encontro sugere um interesse em explorar perspectivas internacionais, embora suas interações anteriores com entidades russas não sejam bem documentadas.

Konstantin Malofeev é um oligarca russo conhecido por suas visões ultraconservadoras e pelo apoio a causas tradicionalistas e nacionalistas. Ele foi sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos por supostamente financiar separatistas pró-Rússia na Ucrânia. Malofeev exerce forte influência na mídia e na política, promovendo a Rússia como um bastião dos valores conservadores. Nos últimos anos, ele se tornou uma figura central na construção de pontes entre a extrema direita ocidental e a Rússia, organizando e patrocinando conferências e eventos que reúnem indivíduos alinhados a essa visão tradicionalista e nacionalista.

Alexander Dugin, filósofo ultranacionalista russo, é frequentemente descrito como um dos principais ideólogos da extrema direita do país. Suas obras defendem a criação de um império eurasiático e influenciaram a estratégia geopolítica da Rússia. Sua presença no encontro reforça a convergência ideológica entre certos círculos conservadores americanos e russos.

As razões por trás da visita dos conservadores americanos a Moscou ainda são especulativas. No entanto, é possível que o encontro tenha como objetivo fortalecer um diálogo baseado em valores conservadores compartilhados, especialmente no contexto do conflito na Ucrânia. A visita também pode refletir um interesse mais amplo em explorar alianças geopolíticas alternativas e narrativas que desafiem a perspectiva dominante no Ocidente.

Esse encontro ocorre logo após um importante desenvolvimento na guerra na Ucrânia. Na terça-feira, autoridades americanas e ucranianas se reuniram na Arábia Saudita, onde os EUA concordaram em retomar o envio de ajuda militar e o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia. Essa decisão veio após a declaração de Kiev sobre sua “disposição” em aceitar um cessar-fogo de 30 dias no conflito com a Rússia. Os dois países divulgaram uma declaração conjunta sinalizando a abertura da Ucrânia para a proposta dos EUA de implementar um cessar-fogo imediato e provisório, que poderia ser prorrogado por mútuo acordo entre as partes.

À medida que a guerra na Ucrânia continua a deteriorar as relações entre os EUA e a Rússia, esses encontros levantam questões sobre o papel de atores não estatais na diplomacia internacional e o potencial para trocas ideológicas que transcendem fronteiras nacionais. Observadores americanos e internacionais devem acompanhar de perto as implicações dessas reuniões nos próximos dias.