AfD não consegue garantir seu primeiro cargo de prefeito em cidade alemã no segundo turno
A eleição em Frankfurt an der Oder, cidade na fronteira com a Polônia, é entre o candidato independente Axel Strasser e o concorrente da AfD, Wilko Möller
Os eleitores da cidade oriental de Frankfurt an der Oder escolheram um candidato independente em vez do concorrente da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita, impedindo o que teria sido a primeira grande vitória urbana do maior partido de oposição nas eleições municipais alemãs.
O independente Axel Strasser venceu no domingo com 69,8% dos votos, contra 30,2% do candidato da AfD, Wilko Möller, segundo resultados preliminares. A participação eleitoral foi de 49,4%.
Na primeira rodada, em 21 de setembro, Strasser havia recebido 32,4% dos votos e Möller 30,2%, enquanto os candidatos da União Democrata-Cristã (CDU), de centro-direita, e do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, foram eliminados.
A eleição ocorreu três dias depois de o Bundestag (Parlamento alemão) retirar a imunidade parlamentar de dois deputados da AfD — um acusado de difamação e outro de fazer a saudação nazista, ato ilegal na Alemanha.
Antes da eleição, o cientista político Jan Philipp Thomeczek, da Universidade de Potsdam, afirmou à agência dpa que uma vitória de Möller teria enviado “um sinal muito forte” de que a AfD, partido anti-imigração e eurocético, poderia ter sucesso também em áreas urbanas.
Frankfurt an der Oder é uma cidade localizada no estado de Brandemburgo, no leste da Alemanha, na fronteira com a Polônia. Ela é distinta de Frankfurt am Main, o grande centro financeiro no oeste do país.
Com cerca de 57 mil habitantes, é a quarta maior cidade de Brandemburgo. Entre seus principais desafios estão o controle de fronteiras com a Polônia, a imigração e a situação econômica.
A Associação Alemã de Cidades e Municípios afirmou que atualmente não há prefeitos afiliados à AfD em cidades de porte significativo no país.
O político Tim Lochner tornou-se prefeito da cidade de Pirna, perto da fronteira tcheca, após ser indicado pela AfD em 2023 — embora tecnicamente seja independente. O político da AfD Robert Sesselmann é administrador distrital em Sonneberg, na Turíngia, e há ainda prefeitos da AfD em pequenas cidades do estado oriental de Saxônia-Anhalt.
Em maio, o serviço de inteligência interna de Brandemburgo classificou a filial estadual da AfD como um “extremismo de direita comprovado”, rótulo que o partido rejeita, alegando tratar-se de uma tentativa politicamente motivada de marginalizá-lo.
Um relatório de 1.100 páginas elaborado pela agência — que não será tornado público — concluiu que a AfD é uma organização racista e anti-muçulmana.
Essa designação torna o partido sujeito à vigilância e reacendeu o debate sobre uma possível proibição da AfD, que entrou com uma ação judicial contra o serviço de inteligência.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, criticou duramente a classificação quando ela foi anunciada, chamando-a de “tirania disfarçada” e pedindo às autoridades alemãs que revertessem a decisão.
Em resposta, a Alemanha rebateu o governo de Donald Trump, sugerindo que os funcionários de Washington deveriam “estudar a história”.
“Aprendemos com nossa história que o extremismo de direita precisa ser combatido”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha em nota oficial.
O Kremlin também criticou a ação contra a AfD — partido que repete regularmente as narrativas russas sobre a guerra na Ucrânia —, descrevendo-a como parte de uma tendência mais ampla de “medidas restritivas” contra movimentos políticos na Europa.
As autoridades de Brandemburgo afirmam que a AfD tem demonstrado desprezo pelas instituições democráticas, enquanto o chefe da inteligência interna do estado, Wilfried Peters, declarou que o partido defende a discriminação e a exclusão de pessoas que não pertencem ao “mainstream” alemão.
